Por Daniel Rocha, médico pediatra do Time de Saúde Alice‍

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Já ouviu falar no termo "bebês high need"? Ele foi criado pelo Dr. William Sears para identificar aquelas crianças que demandam mais atenção e cuidados do que a maioria. Bebês que, muitas vezes, são confundidos com crianças mais "choronas", por exemplo.

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Importância de identificar um bebê high need e cuidados necessários

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William Penton Sears ou Dr. Bill Sears é um divertido pediatra americano, defensor da filosofia de criação com apego e autor, junto com sua esposa Martha, enfermeira, de mais de 40 livros best-sellers sobre nutrição, parentalidade e crescimento saudável.

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O casal teve 8 filhos, meninas e meninos, mas foi com Hayden, sua quarta filha, que começaram a entender que alguns bebês podem apresentar necessidades que vão além das expectativas normais dos pais - é daí que vem a expressão “high need babies”. 

O choro muito intenso, mamada muito voraz e frequente, costas arqueadas e músculos tensos prontos para a ação caracterizam a intensidade dos “bebês high-need”. Eles não pedem, exigem! E em voz alta.

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Costumam demandar todo contato físico que seus cuidadores podem oferecer: anseiam pelo toque, contato pele a pele em seus braços, em seus seios, em sua cama. Ao mesmo tempo, gostam de movimento.

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Comportamentos comuns dos bebês high need

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<h3_pink>Intensos<h3_pink>

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Choram mais alto, mamam com mais força, tem uma risada que se destaca quando são contrariados, protestam com força.

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<h3_pink>Hiperativos<h3_pink>

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Não com hiperatividade propriamente dita, mas com uma energia difícil de acompanhar.

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<h3_pink>Drenadores<h3_pink>

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Bebês que sugam de alguma forma a energia de sua "mãe", pela necessidade constante de colo e atenção.

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<h3_pink>Mamadores<h3_pink>

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Necessitam muito de mamadas e sucção (não-nutritiva), ficam alternando entre elas com frequência.

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<h3_pink>Demandantes<h3_pink>

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Atenção tem que ser dada sem demora.

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<h3_pink>Insatisfeitos<h3_pink>

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Você vai usar todas as técnicas para acalmar, brincar e nada vai funcionar. Não é culpa sua, seu bebê é extremamente exigente.

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<h3_pink>Imprevisíveis<h3_pink>

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O que você tentou ontem e não funcionou, hoje já da certo.

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<h3_pink>Super sensíveis<h3_pink>

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Não aceitam troca de cuidadores com tanta facilidade. Se entediam facilmente.

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<h3_pink>Grude<h3_pink>

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Só quer colo, de preferência da mãe.

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<h3_pink>Dependente<h3_pink>

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Não se acalmam sozinhos, se distraem com pessoas e não coisas.

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Esses pequenos acordam muitas e muitas vezes, noite e dia. Parecem estar constantemente insatisfeitos, sempre querendo companhia… no colo, claro! 

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Além disso, estamos falando de crianças imprevisíveis

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Isso quer dizer que, amamentar, balançar, cantar, sussurrar, caminhar, mudar de posição, acariciá-los, levá-los para um passeio de carro ou carrinho, compressas mornas na barriga, dar banho, trocar a roupa e tentar todas as técnicas reconfortantes conhecidas podem funcionar num dia e no outro não dar resultados. Às vezes parecem drenar toda energia dos pais.

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Como lidar com eles?

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Diminuir as expectativas pode ser um bom começo. O bebê sente que precisa da presença de seus cuidadores para se desenvolver e se sentir completo. A ideia de que “os bebês devem aprender a ser independentes” está ligada a como queremos que os bebês ajam para nossa própria conveniência. 

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Não há bebês independentes. O que podemos é contribuir para a formação de adultos autônomos, oferecendo segurança e confiança durante a infância.

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A expectativa de que ele vá relaxar sozinho no começo da vida também passa longe da realidade. Para os Sears, primeiro o “bebê high need” deve sentir que pode contar com seus pais, o que o ajudará posteriormente a relaxar por conta própria.

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“Deixar chorar sozinho até dormir”, além de não funcionar, desfavorece a construção dessa confiança.  

Não será para sempre. É impossível fazer previsões sobre a duração de comportamentos, mas você terá dificuldade de se lembrar de ter ouvido falar de uma criança de 3 anos que acorda chorando de hora em hora, não?

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Realize bastante contato físico e movimentos - O sling faz grande sucesso!

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Lidar com alta demanda e cansaço pode ser muito frustrante para os cuidadores, que costumam ficar se questionando sobre suas próprias habilidades. Ajuda nisso diminuir o nível de auto-exigência, entender que você não será capaz de suprir todas as necessidades do bebê. 

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Estar atento, encontrar pistas do que gera desconforto, num exercício de tentativas e erros constantes para acalmar o bebê é um caminho.

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Diante da sensação de estar sendo manipulado é importante entender que os “bebês high-need” estão se comunicando, não tentando controlar.

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<text_pink>Oferecer chocalho quando a demanda é o peito não vai resolver, e o bebê vai tentar dizer exatamente isso.<text_pink>

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Menos culpa nessa hora! Já parou pra pensar que chorar bastante pode ser o modo dele lidar com o momento da vida pelo qual está passando ou ter a ver com sua personalidade em desenvolvimento?

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Os Sears relacionam os comportamentos de alta demanda ao impulso de explorar e experimentar tudo a seu alcance. 

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Protestos em voz alta ao ficar sozinhos revelam que esses bebês têm a capacidade de formar apegos profundos, o que formará a intimidade nos relacionamentos adultos.

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O temperamento tenso estaria ligado a uma extrema curiosidade sobre tudo.

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A supersensibilidade ao ambiente contribuiria para torná-las crianças mais empáticas e com grande discernimento, capazes de considerar os efeitos de seu comportamento nos sentimentos dos outros. 

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<text_pink>Para o Sears, o ideal é que os pais se esforcem para interpretar os pedidos do bebê, sem reprimir a sua forma de expressão.<text_pink>

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Feito isso, com o tempo, o “bebê high need” pode se tornar uma pessoa bem determinada, que lutará por seus direitos, alguém com vocação para liderança, que topa desafios e não se contenta em apenas repetir ações dos outros.

Porém, é importante que os pais auxiliem a criança, ao longo do seu crescimento, a entender suas necessidades e quais as melhores formas de expressá-las.

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Como? Ajudando a criança a compreender que suas demandas devem ser equilibradas e que, principalmente, devem respeitar as necessidades dos outros, para que ela possa aprender a ser uma pessoa agradável e simpática, além de exigente.

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Para terminar, vamos a alguns outros pontos e considerações importantes.

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Apesar de o conceito de “bebês high need” ser bastante interessante e ter a potência de ajudar mães e  pais a traduzir vivências e construir uma narrativa que ajude apaziguar aflições e se reconfortar, é prudente evitar olhar para as afirmações feitas pelos Sears como relações de causa-e-efeito.

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Ainda que citem artigos e estudos científicos e que o currículo dos autores seja invejável, não há até o momento métodos que permitam comprovar essas relações, uma vez que a existência humana e suas relações é muito mais complexa do que nossa vã ciência pode medir. 

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Outro ponto que não pode ser omitido é: parte dos comportamentos exemplificados pelos Sears pode ser expressão de condições de saúde que exigem cuidados médicos, como esofagite, alergia à proteína do leite de vaca e transtornos do desenvolvimento.

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Por isso, é importante que o acompanhamento de seu filho seja supervisionado por um profissional ou time de saúde de confiança. 

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Por fim, vale destacar que há outras formas de pensar e compreender os bebês, seu desenvolvimento, seus modos de se comunicar e suas relações com o mundo e os adultos.

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Cada criança e família pode se identificar com um ou vários modelos explicativos, e certamente produzirá uma versão única de enxergar sua vida e saúde. Afinal, somos únicos, cada um de nós, e nos conhecermos e nos surpreendemos é o que torna a vida tão especial, não acham?

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