Basta um olhar para que eles entendam tudo. Ao mudar a entonação da voz, somos capazes de retribuir um pouquinho de todo o carinho que eles nos proporcionam. Muitas vezes estamos exaustos, mas cedemos e continuamos a brincadeira preferida, pois sabemos a felicidade que esses pequenos gestos são capazes de gerar.
Para milhões de pessoas, ter um animal de estimação promove um ciclo de amor: eles nos oferecem carinho, nós retribuímos e todos nos tornamos melhores no fim das contas.
A maioria dos tutores de animais de estimação sabe a alegria imediata que esses bichinhos são capazes de trazer para a nossa rotina. No entanto, o que muitas pessoas ainda não conhecem são os benefícios para a qualidade de vida que a construção de vínculos com um peludo - ou qualquer outro animalzinho - pode proporcionar.
Estudos recentes analisaram o impacto de ter um animal de estimação para a nossa saúde física e mental. A relação com os pets pode aliviar os sintomas de ansiedade, depressão e estresse, bem como estimular a prática de atividades físicas e pode ajudar a melhorar índices de saúde.
Uma revisão sistemática publicada por pesquisadores do Centro de Tecnologias Cardiovasculares da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, analisou parte das evidências disponíveis sobre o tema.
Como conclusão, o estudo indica que os tutores de pets, em especial, os de cachorros, têm comportamentos menos sedentários e taxas de colesterol e pressão arterial mais baixas, além de menor risco para arritmias.
De acordo com os pesquisadores, ainda são necessários mais estudos para a melhor compreensão dos efeitos dos animais na saúde em geral. Porém, a publicação reforça que todos os dados analisados até então, ainda que em estudos populacionais segmentados, apontam para efeitos positivos no humor, na saúde mental e na saúde física dos tutores de pets.
Procura por pets cresce durante a pandemia
Uma das razões pelas quais nós sentimos tantos efeitos terapêuticos ao nos relacionarmos com os animais é que os bichinhos atendem uma necessidade muito básica para a condição humana: o toque.
Acariciar, abraçar ou brincar com um animal de forma carinhosa pode trazer efeitos calmantes imediatos. Além disso, a companhia de um animal de estimação também pode aliviar a solidão.
Não é à toa que um dos momentos de maior vulnerabilidade emocional da História recente, como os meses vividos em isolamento social por conta da pandemia de coronavírus, resultou em um aumento na adoção de cachorros e gatos em diversos lugares do mundo.
Instituições e ONGs de resgate de animais viveram picos de procura por animais. Segundo a União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), houve um aumento de 400% na procura por adoções de cães e gatos em São Paulo entre março e julho de 2020, comparado com o mesmo período no ano anterior.
Dados da Ampara Animal, que realizou uma pesquisa interna com alguns abrigos do Brasil, revelaram um aumento de 5% na adoção durante o ano de 2020. Apesar do crescimento no interesse em cuidar de um animalzinho, também houve o aumento nas taxas de abandono. Diante da crise financeira e dos estresse emocional do período, muitas pessoas abriram mão da guarda dos animais e devolveram os animais para as instituições.
De acordo com a Ciência, as pessoas que convivem com animais…
- São menos propensas a sofrer de depressão
- Lidam melhor com situações estressantes
- Têm níveis mais altos de serotonina e dopamina, o que traz mais calma e bem-estar
- Apresentam melhora nos indicadores de pressão arterial e frequência cardíaca
Cuidar de um animal ajuda as crianças a crescerem mais seguras e ativas
No caso das crianças, o contato desde cedo com os animais de qualquer espécie ajuda na socialização e na construção do senso de responsabilidade. Atividades específicas com os pets auxiliam ainda no fortalecimento da autoconfiança e autoestima dos pequenos.
Para além das brincadeiras diárias, existem atividades que podem auxiliar crianças em desenvolvimento. Aquelas que estão aprendendo a ler, por exemplo, muitas vezes hesitam sobre as suas habilidades de leitura. Algumas delas vão se sentir mais à vontade lendo para os seus amigos de quatro patas, uma vez que sabem que eles estão lá puramente para ouvi-las, e não para julgá-las.
"Esse é só um exemplo de como os animais promovem mais saúde mental na mesma proporção que eles nos ajudam a cuidar quando temos alguma questão instalada, seja quando estamos atravessando uma fase difícil ou quando precisamos elaborar questões da nossa socialização”, explica a psicóloga Aline Prato, especialista em terapia assistida por animais, em entrevista ao portal Time de Saúde.
“É uma troca de cuidado, companhia e responsabilidade. O pet não substitui os afetos com outros humanos, mas nos ajuda a desenvolver essas noções. E mais cuidado, companhia e responsabilidade quer dizer mais amor. Ou seja, se sentir cuidado e amado é o que torna a gente mais feliz e saudável”, conclui.
Como um pet pode ajudar a saúde mental
Aumenta os níveis de atividade física
Os tutores de cães, por exemplo, costumam levá-los para passeios e corridas. Isso acaba por se tornar uma maneira divertida de introduzir mais movimento para os seus dias e combater o comportamento sedentário, um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e mortalidade precoce;
Oferece companhia
Animais de estimação trazem uma sensação de segurança e alguém com quem compartilhar o dia a dia. Cuidar dos bichinhos pode ajudar você a se sentir útil e necessário. Isso pode ser especialmente importante para pessoas mais velhas ou que passam muito tempo sozinhas;
Melhora a autoconfiança
Animais de estimação podem ser ótimos ouvintes e oferecem amor incondicional, sem espaço para julgamentos;
Promove encontros
Não é raro que os tutores de animais se sintam parte de uma comunidade. Seja ao frequentar um ambiente específico de lazer com os animais, seja compartilhando dúvidas e descobertas. No fim das contas, os pets podem ser ótimas pontes para conhecer outras pessoas;
Constrói uma rotina que faça sentido para o seu dia a dia
Ter um pet é saber que existe um animal que precisa de você para se alimentar, gastar energia, fazer companhia e receber cuidados. Isso exige um nível de organização e planejamento que ajuda a manter um foco no dia a dia.