Estudo publicado pela revista científica Nature aponta que 7,5 milhões de brasileiros, acima dos 50 anos, apresentam insuficiência de vitamina D.
No mundo, o número de pessoas com deficiência dessa vitamina chega a 1 bilhão, segundo pesquisa sobre o tema.
As cifras evidenciam a necessidade de maior conscientização sobre a importância da vitamina D para a saúde.
Muita gente não sabe, por exemplo, que ela pode ser produzida pelo próprio organismo ou que é fundamental para a saúde dos ossos.
Para que você possa ficar por dentro das características e funções da vitamina D, reunimos as principais informações científicas sobre o tema.
Para que serve a vitamina D?
A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel (solúvel em gordura) usada pelo corpo para o desenvolvimento e a manutenção dos ossos.
Ela promove a absorção de cálcio no intestino e mantém as concentrações séricas de cálcio e fosfato adequadas para a mineralização óssea e prevenção da tetania hipocalcêmica (contração involuntária dos músculos, que causam cãibras e espasmos). Esses nutrientes também ajudam a manter os dentes saudáveis.
Sem vitamina D suficiente, os ossos podem se tornar finos, quebradiços ou deformados. Também ajuda a proteger os adultos mais velhos da osteoporose.
A vitamina D tem outras funções no corpo, incluindo redução de inflamações, modulação de processos como o crescimento celular, além de atuar nos sistemas neuromuscular e imunológico e no metabolismo da glicose.
Produção de vitamina D pela pele
Também conhecida como a “vitamina do sol”, a vitamina D é produzida pelo corpo humano quando a pele é exposta à luz solar.
Os raios ultravioleta B (UVB) atingem o colesterol nas células da pele, fornecendo a energia para que a síntese de vitamina D ocorra.
Cientistas estimaram que expor diariamente 35% da superfície da pele ao sol, durante 13 minutos, perto do meio-dia, seria suficiente para atingir níveis satisfatórios de vitamina D no corpo.
Estudos realizados na Índia e na Arábia Saudita apontaram o período entre 11h e 14h como o mais favorável para a produção de vitamina D pelo corpo.
Mas em países situados em altas latitudes, pode ser necessário um tempo maior de exposição ao sol.
A médica dermatologista Fabia Schalch, da comunidade de saúde da Alice, destaca que a fotoproteção é sempre recomendada quando a pele fica em contato com os raios solares.
“Pessoas que não têm deficiência de vitamina D e desejam fazer um banho de sol diário para manter os níveis devem utilizar filtro solar”, afirma.
Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia constatou que a síntese de vitamina D não é comprometida pelo uso de protetor solar.
A fotoproteção ajuda a evitar queimaduras e a prevenir o câncer de pele.
Alimentos com vitamina D
Entre 10 e 20% da quantidade de vitamina D necessária ao organismo provêm da alimentação.
As melhores fontes são a carne de peixes gordurosos e os óleos de fígado de peixes.
Quantidades menores são encontradas em gemas de ovo, queijo e fígado de boi.
Certos cogumelos contêm vitamina D em menor concentração.
Além disso, muitos produtos são enriquecidos com vitamina D, como laticínios e cereais.
Deficiência de vitamina D e suplementação
A quantidade de vitamina D de cada indivíduo é medida por meio de exames, conforme a necessidade de cada pessoa. Os níveis recomendados variam conforme a idade e geralmente são calculados em U.I. (unidades internacionais).
Como nem todas as pessoas conseguem se expor ao sol diariamente pelo período e horários adequados, muitas vezes pode ser necessário suplementar a vitamina D.
“Os estudos dizem que a gente precisaria de 20 a 30 minutos de exposição durante o sol forte, não é aquele solzinho da manhã. O que a gente orienta, para quem precisa aumentar os níveis de vitamina D, é que esse não é o melhor jeito. Quem está insuficiente, precisa suplementar”, afirma a dermatologista Fabia Schalch.
A quantidade de vitamina D a ser suplementada deve ser prescrita por um médico.
A automedicação, com ingestão de doses exageradas, pode promover aumento da reabsorção óssea e do risco de quedas e fraturas.
Além disso, doses excessivas podem causar insuficiência renal, crises convulsivas e até a morte.
Para os idosos, o acompanhamento médico é fundamental.
“Com a idade, a nossa pele afina. O metabolismo da pele já não é mais o mesmo. Então, para a população que já tem níveis baixos de vitamina D, é uma ilusão achar que ela será produzida apenas com a exposição ao sol. Principalmente os idosos, se estiverem com vitamina D baixa, precisam suplementar via oral”, afirma a médica dermatologista.
Vitamina D e imunidade
A Ciência já comprovou que a deficiência de vitamina D é prevalente em doenças autoimunes, como diabetes tipo 1 e esclerose múltipla, e doenças reumatológicas, como o lúpus e a artrite reumatoide
Diversos estudos, entretanto, ainda investigam o papel da vitamina D na imunidade.
Cientistas descobriram, por exemplo, a presença do receptor da vitamina D em quase todas as células do sistema imunológico, segundo artigo científico publicado em 2020.
Outra análise sugere que a vitamina D é um fator-chave para ligar a imunidade inata à imunidade adaptativa.
Também já foi constatado que as células do sistema imunológico são capazes de sintetizar e responder à vitamina D, mas os pesquisadores ainda buscam entender os mecanismos dessa associação.
De acordo com a Escola de Saúde Pública de Harvard, os ensaios clínicos que fornecem suplementos de vitamina D às pessoas para afetar uma doença específica ainda são inconclusivos.
Como ainda não há indicação científica aprovada para prescrição de suplementação de vitamina D visando efeitos além da saúde óssea, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia emitiu recentemente nota de esclarecimento, em que repudia a prescrição de altas doses de vitamina D como estratégia de imunidade frente à covid-19.