De uma planta tímida na sala até miniflorestas dentro dos apartamentos e em jardins de casa. O isolamento social imposto pela pandemia impulsionou o cultivo de flores, plantas e hortas. Relatório do Google de dezembro de 2020 apontou que o tema gerou mais de 16 milhões de views no Youtube em um ano. A maioria, de brasileiros em busca de conteúdos como “horta”, “cultivo” e variações do termo “plantas”.
Mais do que um passatempo, a jardinagem é um hábito que pode ajudar a saúde física e mental de quem a pratica. Uma pesquisa realizada com mais de 6.000 pessoas no Reino Unido, publicada em maio na revista acadêmica Cities, apontou que cuidar de hortas domésticas ou plantas em casa, pelo menos duas a três vezes por semana, traz melhorias de bem-estar, alívio de estresse e na inclusão de atividade física na rotina.
A pesquisa da Universidade de Sheffield mostra que, embora a melhora de saúde seja notável, o principal motivador para a jardinagem é o prazer de cuidar e ver as plantas crescendo ao longo do tempo.
Os dados endossam as evidências já existentes de que, seja em um ambiente clínico ou dentro de casa, o cultivo de alimentos para consumo doméstico ou de plantas ornamentais para fins de decoração tem sido associado a efeitos positivos para a saúde em todas as idades.
O benefício também ocorre por meio da consolidação do hábito de jardinagem, que passa a acompanhar a pessoa ao longo da vida. De acordo com o estudo, a sensação de bem-estar costuma aumentar conforme os indivíduos envelhecem.
Hortoterapia
O uso da jardinagem já é reconhecido no auxílio do tratamento de diferentes patologias e como ferramenta de promoção à saúde em diferentes estágios da vida. A Ciência demonstra que a atividade está associada aos benefícios na saúde mental e na prevenção e controle das doenças crônicas como diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares, além de tratamento para ansiedade, raiva e fadiga.
Conhecida como “hortoterapia”, a atividade busca utilizar o cultivo de plantas, jardins e hortas como terapia por meio do envolvimento ativo ou passivo.
No envolvimento passivo, pesquisadores buscam constantes evidências de que a simples observação da natureza, com intervenções dentro de casa, inclusive por imagens, pode ter efeitos positivos no humor e na saúde mental. Alguns estudos já apontaram que a simples opção de trocar um muro de concreto por uma cerca viva seja o suficiente para trazer benefícios fisiológicos.
Ainda ponto de contemplação e tratamento, um estudo realizado por quase uma década na Pensilvânia, pelo arquiteto Roger S Ulrich, que se dedicou a entender a arquitetura e o design de saúde baseado em evidência, demonstrou que a vista da janela de um hospital voltada para um jardim pode ter efeitos positivos na melhora do paciente, diminuindo o tempo de estadia pós-cirurgia, a dor, o estresse e até os custos de saúde.
Para quem quer colocar a mão na massa, os benefícios da jardinagem ativa para a saúde mental e física também são estudados em diferentes áreas da saúde e também inclusos na rotina de clínicas de reabilitação, lares de idosos e hospitais.
O trabalho com plantas nesses ambientes traz alívio de estresse e promoção de prazer em idosos e pacientes com sintomas de sofrimento psicológico, além do efeito de exercício da cidadania, expressão de liberdade e convivência dos diferentes, que são essenciais para as atividades terapêuticas.