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6/8/2021
Corpo

DIU é método contraceptivo seguro e não afeta fertilidade

Ginecologistas defendem autonomia da mulher na escolha do método contraceptivo mais adequado para ela.

Ana Beatriz Rosa
ilustração de uma mulher ao lado de um DIU

O DIU, sigla para dispositivo intrauterino, é um método contraceptivo que tem alta taxa de eficácia. No entanto, seja por falta de informação ou desconhecimento sobre saúde da mulher, o uso do DIU ainda envolve diversos mitos sobre a sua segurança. 


Reportagem recente publicada pelo jornal Folha de S. Paulo denunciou que seguradoras de saúde cobram um termo de consentimento do marido de mulheres casadas que desejam realizar o procedimento de colocação do DIU.


Segundo a Lei do Planejamento Familiar, a assistência à concepção e à contracepção é um direito que deve ser garantido a todos os homens, mulheres e casais, sendo necessário o consentimento de ambos os cônjuges apenas em casos de esterilização cirúrgica, ou seja, nos procedimentos de laqueadura e de vasectomia.


De acordo com especialistas ouvidas pelo portal Time de Saúde, a exigência de consentimento do cônjuge para a colocação do DIU não faz sentido, uma vez que o DIU integra o grupo de anticoncepcionais reversíveis de longa duração. Ele não é um método contraceptivo definitivo nem afeta a fertilidade de forma prolongada, como a laqueadura ou vasectomia. Quando utilizado de forma correta e com acompanhamento profissional, o DIU não ameaça a fertilidade da mulher.


“Existe um mito que está no imaginário coletivo que o DIU não pode ser colocado em mulheres que não engravidaram. Isso faz as pessoas associarem que o DIU é um método que pode afetar uma futura gestação”, explica a ginecologista e obstetra Olivia Olea, médica especialista da Alice.


A ginecologista Lisandra Stein Bernardes, médica da Alice e professora livre docente da faculdade de medicina da USP, defende a necessidade de garantir o acesso da mulher à sua saúde ginecológica. 


“Se a gente dificulta o acesso aos métodos [contraceptivos] disponíveis, a gente limita a autonomia da mulher e a liberdade de sua escolha diante da estratégia de contracepção que melhor se adapte à sua saúde e contexto de vida”, argumenta.


Para as especialistas, outro conceito precisa ser discutido quando se trata de métodos contraceptivos e planejamento familiar: a responsabilidade compartilhada. Evitar uma gestação não deve ser papel da mulher, mas sim uma pauta do casal. 


“O planejamento familiar tem que ser uma conversa em ambientes de saúde, mas também fora dele. Hoje, quase 50% das gestações no Brasil não são planejadas. Falar de planejamento é falar de autonomia e responsabilidade, não só da mulher, mas também do homem”, completa Olea. 


Como o DIU Funciona?


Para além da função de evitar gestações não planejadas, o DIU também cumpre uma função complementar importante na prevenção de hemorragias ginecológicas e problemas como a endometriose (doença inflamatória provocada por células do endométrio, tecido que reveste a parte interna do útero).


Em relação a contraindicações, os dispositivos intrauterinos devem ser evitados por mulheres que têm alguma malformação uterina que impossibilite a colocação do dispositivo. Ainda, pacientes com alguma infecção vaginal e uterina não podem utilizar o dispositivo até que a situação seja tratada. 



Como o DIU hormonal funciona? 


O DIU foi criado em 1929 pelo médico alemão Ernst Gräfenberg. Hoje, em suas versões mais modernas, os dispositivos podem ser de cobre, cobre com revestimento de prata ou hormonal.


O dispositivo hormonal atua dentro do útero da mulher realizando uma liberação contínua e em baixa dosagem de hormônio, como o levonorgestrel. Isso faz que o muco uterino se torne mais espesso, o que dificulta que o esperma alcance o óvulo e aconteça a fecundação. Estudos realizados demonstraram que, com o uso correto do DIU hormonal, a probabilidade de uma gravidez é de 0,5%.


Além dos efeitos contraceptivos, o DIU hormonal é utilizado por mulheres que precisam de tratamentos ginecológicos, como é o caso das pacientes que lidam com a menorragia (sangramento menstrual em grandes volumes).


“O DIU hormonal trata doenças ginecológicas muito difíceis, são medicações que foram criadas, evoluíram e hoje ajudam muitas mulheres a garantir uma qualidade de vida e bem-estar”, explica Olívia Olea, médica especialista da Alice. 


Como o DIU não-hormonal funciona?


O DIU não-hormonal é um dispositivo em formato de T que possui um fio de prata banhado em cobre. A presença de um corpo estranho no endométrio causa mudanças bioquímicas e transformações no muco, o que leva a uma ação espermicida no interior do útero da mulher.


“Por não depender da atuação de hormônios, o DIU de cobre (ou de cobre com revestimento em prata) ocupa um espaço importante na saúde da mulher que opta por uma estratégia não-hormonal”, analisa Olea.

LEIA MAIS: Na Alice, colocar DIU não tem mistério: é simples e sem burocracia


Como escolher o método contraceptivo mais adequado?


Existem diversos tipos de métodos contraceptivos que evitam gestações não planejadas e doenças sexualmente transmissíveis. 


“O papel do profissional de saúde não é fazer juízo de valor sobre qualquer um deles, mas entender o contexto de vida de cada mulher, bem como investigar a sua saúde física, para orientar uma estratégia de contracepção que faça sentido”, argumenta Lisandra Stein Bernardes.


Segundo a especialista, o melhor método é aquele que se encaixe ao momento de vida da mulher, bem como aquele que apresenta efeitos colaterais com os quais a paciente se mostre tolerante.


Para isso, é preciso falar de contracepção com leveza e com muita informação. Os métodos contraceptivos precisam ser entendidos não como “o melhor” ou “o pior”, mas como aquele mais adequado ao momento. 


“A mulher precisa ter a noção de que quem escolhe é ela, e entender esse momento de vida é crucial para a decisão” , conclui Oliva Olea.


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