Conteúdo pelo Time de Saúde com participação especial da Lissandra Stein, ginecologia e obstetra da Comunidade Médica Alice
Atualizado em 15/01/20
A pior pergunta é a que você não faz.
Sim, o conhecimento não chega na sua porta, toca campainha e senta para o chá enquanto te explica tudo o que você precisa saber sobre a vida. Ele vem, principalmente, das perguntas que você faz. E quando o tema é a sua saúde íntima, não é diferente.
Pensando nisso, convidamos a Lissandra Stein, ginecologia e obstetra da Comunidade Médica Alice, para responder 8 perguntas sobre saúde íntima que que todo mundo, independente do gênero, sexo ou preferência sexual, deveria saber.
Vamos lá!
1. A masturbação pode romper o hímen?
É muito pouco provável. É o seguinte: o hímen é uma membrana que fica na entrada da vagina, onde está o orifício por onde passa a menstruação, e a inserção do dedo ou de absorvente interno não tem força para chegar a romper a membrana.
Há décadas o hímen é considerado um símbolo da virgindade na nossa cultura, mas ter o hímen intacto não é sinônimo de ser virgem. Até porque, existem diversas formas de sexo que não incluem penetração.
Além disso, algumas mulheres podem nascer sem o hímem, outras podem ter orifício maior, e nem um nem outro caso indica se a pessoa teve ou não relações sexuais.
Cada corpo é um corpo. Aliás, existem diversos tipos de vagina e também de hímen. Por isso a importância de se conhecer e a masturbação é uma das melhores formas para isso.
2. Mulher virgem pode usar tampão (absorvente interno)?
Sim. Como já disse, o hímen é uma fina membrana que fica próxima à entrada da vagina e que tem um orifício que permite a passagem da menstruação. Quando a mulher usa o tampão ela insere o tampão por essa passagem.
Dúvidas sobre tamanho e como colocar? Converse com sua(seu) ginecologista, ok?
3. Cistos de ovário são normais?
Sim, é normal e comum que a mulher tenha cistos no ovário. Todo mês durante o ciclo menstrual os hormônios da mulher fazem com que o ovário produza pequenos cistos e, com o estímulo hormonal, um desses cistos irá crescer e se tornar o cisto dominante (aquele do qual o óvulo irá ser liberado).
Existem outros cistos mais complexos que podem precisar de algum tipo de tratamento mais específico, nesse caso o ultrassom pode diferenciá-los dos cistos ovulatórios.
4. Sabonete íntimo, posso usar?
A vagina da mulher tem um PH ácido (variando de 3,8 a 4,2), gerado pela presença de bactérias (lactobacilos) que permanecem em equilíbrio. O uso do sabonete íntimo dentro da vagina pode afetar esse equilíbrio e, com isso, gerar predisposição a infecções.
Já na parte externa (na vulva, que são os pequenos e grandes lábios) o uso de qualquer tipo de sabonete para a limpeza do dia a dia está liberado, tanto o íntimo quanto normal.
Importante: o uso do sabonete íntimo após as relações não previne a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis, para isso o recomendado é usar o preservativo, masculino ou feminino.
5. É normal sair secreção na calcinha?
Toda mulher tem uma secreção chamada de fisiológica que é transparente ou levemente esbranquiçada, sem odor, e que não causa nenhum tipo de coceira ou irritação.
Essa secreção varia ao longo do ciclo menstrual. Geralmente ela é mais fluida na primeira metade do ciclo (entre o fim da menstruação e 14 dias após o início da menstruação) e fica um pouco mais espessa após o 14º dia do ciclo.
O ideal é se conhecer. Assim você saberá dizer quando há mudanças na cor ou odor da secreção. Aí, não tem jeito: é hora de procurar seu Time de Saúde para avaliar melhor.
6. Sexo oral numa mulher pode passar DST? Tem um jeito de se proteger?
Ao contrário do que muitos acreditam, o sexo oral também pode transmitir infecções. Isso porque para que haja transmissão de infecções é necessário que mucosas (da boca, da vagina ou do pênis) entrem em contato.
Dentre as principais infecções que podem ser transmitidas dessa forma estão o HPV (causa verrugas nos órgãos genitais e boca), gonorreia (causa um tipo de corrimento), herpes (causa pequenas “bolhas” e ardor) e sífilis.
Para evitar a transmissão, o sexo oral deve ser protegido por camisinha masculina ou feminina. Outro ponto importante é avaliar os órgãos genitais do parceiro/ parceira quando for fazer sexo oral, já que algumas infecções, como HPV, podem ter manifestações visíveis, como a presença de verrugas.
Mas atenção: a ausência de lesões não exclui as infecções.
7. Orgasmo, tive ou não tive?
Em geral o orgasmo é uma sensação intensa que dura alguns segundos e deixa uma sensação agradável em seguida, mas a sua forma de se manifestar varia bastante de pessoa para pessoa.
Alguns sinais que podem indicar um orgasmo na mulher:
<h3_pink>1) Contração tanto na vagina quanto no útero<h3_pink>
<h3_pink>2) Uma leve cólica<h3_pink>
<h3_pink>3) Vagina mais lubrificada, dando a sensação de que o pênis entra e sai com mais facilidade, caso esteja fazendo sexo com penetração<h3_pink>
<h3_pink>4) Mamilo endurecido e a contração do corpo como um todo<h3_pink>
Mas NÃO existe uma regra.
O melhor jeito de saber se você chegou ao orgasmo é conhecendo seu corpo. Para isso, um caminho bastante saudável e eficaz é a masturbação (quer saber mais sobre orgasmo e sexualidade, confere aqui a live com nossa também ginecologista Olívia Oléa).
8. É verdade que existe um ponto G na mulher? Onde fica?
A existência do ponto G como estrutura anatômica (um ponto específico onde encontram-se terminações nervosas capazes de levar a mulher ao orgasmo vaginal) é controversa. Alguns pesquisadores acreditam na sua existência, outros não. No nosso glossário sobre termos íntimos explicamos um pouco mais.
Onde seria, afinal? A região do ponto G fica localizada na parte anterior da vagina a 2-3 cm de sua entrada.
Mas o fato é: algumas mulheres relatam ter orgasmos mais intensos quando a parede anterior da vagina, onde fica o ponto G é estimulada, sendo que, para outras, essa região não é o melhor ponto de estímulo. Então, tudo depende.
Independente disso, o melhor caminho é conhecer seu corpo e os pontos que lhe dão prazer. Teste a estimulação de diferentes pontos, seja sozinha(o) ou acompanhada(o).
Leia mais: Glossário Íntimo