Por: Lilian Hupfeld, Médica do Time de Saúde da Alice
Saúde mental e música: coloque o cérebro para malhar
Ao longo da história, a humanidade precisou se isolar inúmeras vezes. Com isso, muitas mudanças aconteceram no estilo de vida das pessoas, o que colocou à prova o funcionamento social de muitas gerações.
Desde março, vivemos o isolamento social e a solidão decorrente dele tem afetado a saúde física e mental. Mesmo assim, tentamos seguir a vida e resistir, e para isso contamos com a ajuda da psicologia.
Felizmente somos uma espécie majoritariamente resiliente, apta a se adaptar a adversidades e tirar lições delas.
Também temos tecnologia para nos ajudar. É graças a ela que tantas pessoas encontram algum conforto diante desse distanciamento.
Nada substitui uma conversa descontraída, um abraço, mas sabe-se que a eficácia das conexões sociais também se dá através de contatos telefônicos, vídeo chamadas, mensagens de texto, entre outros.
<h3_pink>Para uma boa saúde mental as trocas afetivas funcionam como reguladores do equilíbrio do organismo e, portanto, como mediadores da adaptação com o ambiente.<h3_pink>
Somos seres em que as relações sociais – interpessoais constituem nosso habitat natural, ou seja, o ambiente social fortifica o cérebro social. Portanto apego familiar, estar com amigos, participar de atividades ocupacionais e lazer são fundamentais.
Atividade física, exercícios físicos e a música também são aliados da saúde mental. A maioria das pessoas sente prazer com a música. Ouvir e fazer música, e isso inclui cantar, têm sido associadas a inúmeros resultados positivos dentro da saúde e do bem estar.
Há evidências de que a música está associada à diminuição do componente excitatório fisiológico provocado pelo estresse. Essa diminuição foi demonstrada através da redução de níveis de cortisol (o chamado hormônio do estresse), queda dos batimentos cardíacos e da pressão arterial.
Escutar música ou tocar um instrumento ativa várias partes do cérebro
<h3_pink>Córtex pré-frontal<h3_pink>
<h3_pink>Córtex motor<h3_pink>
<h3_pink>Corpo caloso<h3_pink>
<h3_pink>Córtex sensorial<h3_pink>
<h3_pink>Hipocampo<h3_pink>
<h3_pink>Córtex visual<h3_pink>
<h3_pink>Cerebelo<h3_pink>
<h3_pink>Córtex auditivo<h3_pink>
<h3_pink>Núcleo accumbens e amígdala<h3_pink>
A música também modifica os estados emocionais provocados pelo estresse, que podem ser atribuídos a um efeito em regiões cerebrais como a amígdala. Portanto, a música auxilia na promoção de saúde quando atua no componente psicológico do estresse e de estados emocionais como preocupação, ansiedade, inquietação e nervosismo.
Outros estudos mostram que o sistema de recompensa do cérebro humano é fundamental para as experiências prazerosas. Áreas cerebrais do estriado dorsal e ventral liberam dopamina (neurotransmissor relacionado com o humor e o prazer) ao ouvirem uma música agradável.
Adversidades e estresse fazem parte da vida e mesmo com o distanciamento social há formas de lidar melhor com ela. Por isso, o fortalecimento das conexões e a busca de atividades prazerosas como a música são ótimos mecanismos para melhorar a saúde e sentir bem estar.